Mercado do boi gordo desacelera e pressiona produtores

O mercado pecuário brasileiro atravessa um momento de retração nas negociações. De acordo com levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), os volumes comercializados vêm diminuindo, refletindo uma dinâmica de menor necessidade de compra por parte dos frigoríficos. Software para finanças

Nas últimas semanas, a demanda no mercado spot – aquele de negociações imediatas – tem se mostrado inferior à quantidade de bois ofertados. Esse descompasso entre oferta e procura resultou no alongamento das escalas de abate e, consequentemente, em leves quedas nos preços do boi gordo em quase todas as regiões acompanhadas pelo Cepea.

Em São Paulo, referência importante para o setor pecuário, o Indicador CEPEA/ESALQ do boi gordo tem permanecido relativamente estável desde a última quarta-feira, sendo negociado em valores abaixo dos R$ 305 por arroba. Essa estabilidade, no entanto, ocorre em patamares considerados baixos em relação ao histórico recente, evidenciando um cenário de pressão sobre os pecuaristas.

Para o consumidor brasileiro, esse movimento pode gerar efeitos distintos. No curto prazo, a menor demanda por parte dos frigoríficos e os preços mais contidos no campo poderiam abrir espaço para alguma estabilidade ou até mesmo recuo nos preços da carne bovina nas prateleiras. Entretanto, especialistas lembram que o preço final pago pelo consumidor depende de uma série de outros fatores, como custos logísticos, margens de supermercados e açougues, além da concorrência com outras proteínas, como frango e suíno.

Se por um lado o bolso do consumidor pode se beneficiar de um possível alívio nos preços da carne, por outro os pecuaristas enfrentam margens mais apertadas. Isso pode desestimular investimentos na atividade, afetando a oferta futura. Caso essa tendência se prolongue, o resultado pode ser um ajuste de mercado que leve novamente a altas de preços no médio prazo.

Assim, o cenário atual no mercado pecuário brasileiro ilustra bem a relação direta entre campo e mesa do consumidor: enquanto a pressão de preços reduz a rentabilidade dos produtores, as famílias brasileiras podem encontrar um respiro temporário nos custos de um dos alimentos mais presentes na dieta nacional – a carne bovina.

Fonte: capitalist